Como uma boa proteção respiratória pode ajudar a evitar doenças
Foi apenas um serviço de solda de 20 minutos na sala de caldeira num subsolo, mas o soldador sentiu tonturas e náuseas e posteriormente uma dor de cabeça que durou até a manhã seguinte.
Como este soldador, muitos profissionais que ocasionalmente realizam solda, brasagem ou corte em uma variedade de metais, não usam respiradores, pensando que a exposição ocasional a fumos e gases produzidos neste processo não irá causar danos permanentes. Porém, há numerosos riscos à saúde associados à exposição a fumos, gases e vapores liberados durante operações de solda, corte e brasagem. Estes riscos variam dependendo do tipo de material e superfície de solda. Os efeitos a longo prazo devem ser levados a sério.
Diferentemente da dor de cabeça experimentada pelo soldador, pode não haver efeitos visíveis imediatos por exposições limitadas a fumos de solda ou gases. Apesar de certas situações poderem produzir doenças imediatas e até morte, os danos graves à saúde provêm normalmente dos efeitos que se acumulam lentamente no organismo no decorrer de vários anos. Por isso, frequentemente, nos referimos a doenças respiratórias e a suas causas como assassinos silenciosos.
Então, como evitar o “assassino silencioso”? Os passos básicos envolvem identificação, avaliação e controle.
Identificação
Os contaminantes no ambiente vão depender da composição do material usado, seus diversos revestimentos e materiais de fluxo e de preenchimento, além dos compostos de limpeza e desengordurantes usados no processo.
Os fumos vão variar conforme o material de solda. Os tipos de metais podem correr do A ao Z, por exemplo do alumínio ao zinco. Fumos são particulados e são distintos de gases por conterem metais e outras substâncias geradas no processo de solda e então condensados em partículas microscópicas que podem ser facilmente aspiradas para os pulmões.
Gases também podem ser usados ou produzidos, sendo tóxicos por si mesmos ou podem deslocar o oxigênio em áreas mal ventiladas, causando tontura, inconsciência e morte. Gases comumente encontrados em ambientes de solda, brasagem e corte incluem monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxido de nitrogênio, dióxido de nitrogênio e ozônio. Dependendo do material a ser soldado, seus revestimentos, solventes ou materiais de fluxo usados, outros gases nocivos, tais como flúor, serão gerados.
Fichas de Informações de Segurança de Produto Químico (FISPQ) servem como referência primária na determinação dos riscos associados a certas substâncias. Estas fichas podem ser obtidas na empresa que fornece ou fabrica o material usado. As FISPQs definem as características da substância, os riscos de incêndio, de explosão e à saúde, as precauções para o manuseio e o uso seguro e modos de controlar seu risco.
É necessária amostragem ou monitoramento do ar para se ter uma imagem mais precisa do risco de gases ou fumos que um processo específico de solda ou brasagem irá produzir em seu ambiente de trabalho. Empresas especializadas realizam este tipo de monitoramento.
Avaliação
Para ajudá-lo a avaliar o nível de exposição aos contaminantes no local de trabalho e selecionar o tipo de respirador requerido, você deverá comparar os resultados dos testes de amostragem do ar com os limites de tolerância permitidos (LT) publicados na NR-15 ou informações fornecidas pela ACGIH (American Conference of Gorvenamental Industrial Hygienists), traduzidas em um guia no Brasil pela ABHO (Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais). Os valores informados pela ACGIH são revisados e publicados anualmente. Estes valores são diretrizes para uso por higienistas industriais ao tomar decisões quanto a níveis seguros de exposição a diversas substâncias químicas e agentes físicos encontrados no local de trabalho. Com este guia, os higienistas industriais são avisados que os limites de tolerância são somente um dos muitos fatores a ser considerados na avaliação das situações e condições específicas do local de trabalho. Um consultor em saúde ocupacional ou fabricante de respiradores pode ajudá-lo a determinar qual respirador usar ao consultar um guia de seleção de respiradores.
Para ajudá-lo a avaliar o nível de exposição aos contaminantes no local de trabalho e selecionar o tipo de respirador requerido, você deverá comparar os resultados dos testes de amostragem do ar com os limites de tolerância permitidos (LT) publicados na NR-15 ou informações fornecidas pela ACGIH (American Conference of Gorvenamental Industrial Hygienists), traduzidas em um guia no Brasil pela ABHO (Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais). Os valores informados pela ACGIH são revisados e publicados anualmente. Estes valores são diretrizes para uso por higienistas industriais ao tomar decisões quanto a níveis seguros de exposição a diversas substâncias químicas e agentes físicos encontrados no local de trabalho. Com este guia, os higienistas industriais são avisados que os limites de tolerância são somente um dos muitos fatores a ser considerados na avaliação das situações e condições específicas do local de trabalho. Um consultor em saúde ocupacional ou fabricante de respiradores pode ajudá-lo a determinar qual respirador usar ao consultar um guia de seleção de respiradores.
A tabela 1 mostra partes de um guia de seleção de respiradores. Inclui uma amostra de substâncias encontradas em operações de solda, brasagem ou corte e os respiradores recomendados para diversas concentrações da substância. A primeira coluna indica o número CAS, uma referência universal do Chemical Abstract Service e pode ser usado para buscar informações adicionais. As próximas duas colunas listam o LEP e o TLV, níveis de exposição permitidos que a OSHA (Occupational Safety and Health Administration) e a ACGIH, respectivamente, recomendam para cada substância.
A coluna “Valor IPVS” (risco imediatamente perigoso à vida e à saúde) lista o valor da concentração a qual ou acima da qual deve ser usado um equipamento autônomo de proteção respiratória ou respirador de suprimento de ar de demanda de pressão positiva com cilindro auxiliar de fuga. Abaixo desse valor, pode ser usado um respirador purificador de ar com cartuchos e/ou filtros ou um respirador de suprimento de ar com fluxo contínuo.
A próxima coluna indica a hierarquia das “Concentrações Máximas de Uso,” contra a qual você deverá comparar as concentrações da mesma substância ou contaminante encontrado em sua área de trabalho. O tipo de respirador recomendado, com base nas concentrações de exposição no local de trabalho, está listado na coluna “Seleção do Respirador”.
Controle
O controle de fumos, gases e vapores de trabalhos de solda, brasagem e corte depende primeiramente de soluções de engenharia tais como ventilação adequada e redução dos riscos através de práticas de trabalho seguras, controles administrativos ou substituição por materiais e processos menos perigosos. As necessidades de ventilação estão especificadas claramente na regulamentação 29CFR1910.252 da OSHA, que cobre trabalhos de solda, corte e brasagem. A proteção respiratória deve ser a última linha de defesa.
Como dissemos, para se proteger contra fumos, gases e vapores, um respirador adequado tem que ser selecionado. Como indicado na tabela da Tab.1, a seleção inclui:
Respiradores sem manutenção. Protegem contra particulados, mas não contra gases ou vapores tóxicos. As peças semifaciais filtrantes com classificação PFF-2 fornecem eficácia mínima de 94 por cento para particulados isentos de óleo.
Filtros substituíveis são usados com respiradores reutilizáveis, inclusive filtros P2 e P3. Os filtros P3 fornecem eficácia mínima de 99,95 por cento. Os filtros com classificação SL podem ser usados contra quaisquer particulados, inclusive os de ambientes oleosos.
Respiradores semifaciais reutilizáveis com filtros substituíveis contra particulados. Esses respiradores possuem válvula de inalação para manter o filtro seco e permitem ao usuário verificar a vedação com o ensaios de pressão positiva.
Respiradores semifaciais reutilizáveis combinados com cartuchos e filtros. Projetados para proteger contra gases e vapores específicos e contra particulados quando o nível de concentração excede os LT, mas está abaixo do nível de concentração para o qual é necessário um respirador de peça facial inteira.
Respiradores de peça facial inteira combinados com cartuchos e filtros. Fornecem proteção para os olhos, face e proteção respiratória em ambientes não IPVS. Muitos respiradores tipo peça facial inteira para trabalhos de solda são projetados com lentes rebatíveis e alguns possuem ainda um escudo rebatível que cobre as lentes do respirador para um alcance visual ainda maior.
O adaptador tipo “backpack” é um acessório especialmente adequado para trabalhos de solda. Permite colocar os filtros e/ou cartuchos dos respiradores purificadores de ar fora da nuvem aquecida dos gases, vapores e particulados de solda. Ao invés de fixar os cartuchos e filtros diretamente às máscaras, tubos de extensão permitem ao usuário do respirador posicionar os elementos filtrantes em suas costas.
Os respiradores de suprimento de ar estão disponíveis com máscara parcial ou máscara total conectados a uma fonte de ar respirável com mangueira de suprimento de ar.
Equipamentos autônomos e respiradores de pressão demanda com cilindro auxiliar de fuga são necessários em áreas IPVS.
Além da Seleção do Respirador
Estas são algumas das considerações práticas ao selecionar proteção respiratória para uso em trabalhos de solda, brasagem ou corte de metais. Além de selecionar o respirador adequado, o usuário do respirador deve participar de um programa de proteção respiratória escrito e seguir as diretrizes para testes de ajuste, troca de cartuchos em respiradores purificadores de ar, limpeza apropriada, desinfecção, manutenção e armazenamento dos respiradores e garantir que os empregados estão devidamente treinados. Todos os detalhes pertinentes que descrevem os elementos de um programa repiratório estão especificados na cartilha do Programa de Proteção Respiratória, emitido pela Fundacentro.
Sem tomar precauções adequadas num ambiente onde é necessária proteção respiratória, você – tal como o soldador mencionado acima – pode estar apenas a alguns minutos de ser rapidamente dominado ou se tornar um dos muitos que enfrentam doenças respiratórias debilitantes na velhice. É melhor tratar todos os fumos, vapores e gases de solda como potencialmente perigosos e utilizar toda proteção disponível.
Por: David S. Luther (Via Honeywell BR)